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- Capítulo 2 - Free-For-All
Posted by : Jolly E.
Aug 17, 2025
Hilda, Cheren e Bianca passaram longos, longos minutos encarando a caixa
de presente sem dizer nada e Hilbert passou longos, longos minutos encostado na
parede perto da porta, esperando alguém dar o primeiro passo.
— Talvez… — Cheren foi o primeiro a quebrar o silêncio, discretamente
enxugando o suor das mãos na calça. — E se a gente ler a carta da professora
primeiro?
— É! — Bianca fez que sim com a cabeça com um pouco de força demais. — Hil,
lê aí pra gente!
— Ah, eu? — O sorriso dela se tornava mais forçado a cada segundo que passava, o que não era normal para ela, mas o nervosismo bateu com força após aqueles minutos silenciosos. — Ok!
Hilbert teve que dar um risinho ao ver os três nesse estado,
principalmente a irmã, que estava engolindo em seco ao pegar a carta, sacudindo
a perna com tanta intensidade que parecia estar vibrando.
— “Crianças...” — Hilda começou. — “Primeiramente: Parabéns! Nesta caixa se encontra o primeiro passo da
jornada de vocês! Sinto muito não poder entregar seus iniciais pessoalmente,
mas, como…” — A garota semicerrou os olhos tentando continuar a
leitura. — Caramba bicho, a letra da professora Juniper sempre
foi esquisita desse jeito?
— Provavelmente foi escrita às pressas, né? — Bianca
sugeriu.
— “Como repassei ao Cheren, surgiu um compromisso em Accumula e eu
espero os encontrar lá muito em breve. Tendo dito isso, gostaria de falar um
pouco sobre os Pokémon que vocês conhecerão.”
A morena interrompeu brevemente a leitura para sorrir para os amigos.
Cheren devolveu o sorriso, o que era raro pra ele, e Bianca deu um guinchinho
de empolgação.
— “Indo pela ordem de Pokédex, temos Snivy, que, por falta de termo
melhor, é um...” — Hilda deu uma risada pelo
nariz. — “... Danadinho. Competitivo, odeia perder. Ele é
comportado o suficiente para não ser inadequado para novos treinadores, mas
recomendo pulso firme para quem o escolher. Ele é dono de uma personalidade bem
forte.”
— Ah, se ele é difícil, então... — A expressão
de Bianca entristeceu-se. — Pena, eles são tão fofinhos.
— Você acha um Snivy fofo? — Cheren
cruzou os braços e franziu a testa.
— Ué, você não?
Enquanto isso, Hilbert folheava uma revista antiga de jogos que estava criando
poeira na estante ao lado da TV. Há quantos anos ele não via uma dessas?
— “Temos também Tepig.” — Hilda continuou. — “Ela passou
por umas poucas e boas. É uma longa história que só terei tempo de contar outro
dia, mas vocês verão na hora que ela é especial. Não só fisicamente, mas ela é
muito meiga. Muito querida por nós do laboratório, por mais que ela seja
desajeitada e saia derrubando tudo às vezes.”
— Igual você, Bianca. — Hilbert falou, erguendo
os olhos da revista.
— Eeeeeiiiii!
— “E por fim, temos Oshawott. Por fora, ele pode parecer tímido, mas tem um
lado palhaço escondido, basta conhecê-lo melhor. Dentre os três, é o mais fácil
de lidar. É um Pokémon muito fiel, a ponto de se apegar demais nas pessoas.
Demorou um pouco para convencê-lo a ser entregue a um novo treinador.”
— Ah, que pitiquinho!
— “Decidam entre si, sem brigas, e os verei em Accumula! Aproveitem os Pokémon!” — Hilda respirou fundo. — É isso… Tá na hora.
A garota puxou a fita verde que amarrava a caixa e ergueu a tampa. Dentro
do seu interior de veludo vermelho, havia três Poké Balls, cada uma com o
símbolo do tipo de seu respectivo Pokémon encravado nela. Uma folha, uma chama
e uma gota. E sem mais delongas, Hilda as abriu, e os três iniciais da região
de Unova apareceram diante deles.
A porquinha de fogo, Tepig, foi a primeira a se aproximar dos
adolescentes aos pulos… E caiu de focinho no chão logo em seguida, derrapando
um pouquinho no chão de madeira, o que fez Bianca arquejar em surpresa, e
Cheren e Hilda darem um risinho mal disfarçado. Hilbert até ergueu os olhos por
um instante com o barulho.
— Você tá bem? — perguntou Cheren, se abaixando.
Ela se levantou rapidamente, sacudindo a cabeça de leve e se
endireitando.
— Ei, Tepigs não deviam ter um rabo?
Agora que Hilda havia mencionado… De fato, ela não tinha a cauda
enrolada com a esferazinha na ponta que seria característico da espécie.
— Ah, era isso que a professora se referia quando disse que ela era
diferente fisicamen-
— Oiiiii, Snivyyyyyy! — Bianca interrompeu o
amigo que estava à sua direita, se aproximando do Pokémon de grama.
Ele, por sua vez, olhou a humana loira dos pés à cabeça, com uma
expressão indiferente típica de um Snivy. Ele não parecia muito impressionado
com o que via, mas chegou mais perto de Bianca como provavelmente havia sido
treinado a fazer, mesmo que de forma relutante. E provavelmente também havia
sido treinado a não meter a boca na mão de treinadores novatos idiotas que dão tapinhas
carinhosos sem parar na sua cabeça como Bianca estava fazendo.
— Vai escolher ele, Bibi? — Hilda indagou.
— Ah... — Mais uma vez, o sorriso de Bianca sumiu um pouco. — Acho melhor não. Se ele precisa de pulso firme... É melhor que você ou o
Ren fiquem com ele. Por mais que ele seja super fofinho.
— Tem certeza?
Bianca fez que sim com a cabeça. Por outro lado, Oshawott parecia muito mais aberto a Cheren, que também
se ajoelhou para ficar a altura dele... Mas algo chamou sua atenção.
— O que é isso, amiguinho?
As garotas — e Hilbert, do outro lado do quarto — se viraram para olhar
também ao ouvirem a pergunta do amigo, ignorando a leve frustração de Oshawott
a ter o seu brinquedinho tomado. O rapaz ergueu um objeto quadrado no ar para
mostrar aos amigos. Olhando de perto, era um disquete grosso, de um tom amarelo
alaranjado. Havia algo escrito nele em relevo.
— “Shock Drive.” — Leu Cheren, cerrando os olhos. — Era pra ele estar
segurando isso?
— Ué, a professora não disse nada sobre isso na carta... — Hilda franziu a testa, se aproximando pra ver melhor. — Isso é aqueles negócio que se
enfiava no computador antigamente, né? Um disquete.
A palavra chamou a atenção de Hilbert, que largou a revista que estava
lendo em cima do rack da TV dos irmãos e se aproximou pra dar uma olhada... E para
tomar da mão de Cheren bruscamente, que bufou em protesto. Bianca estava
olhando pra eles, mas decidiu brincar com o Oshawott, muito para alívio do
Snivy que agora tinha sido deixado em paz.
— Ei, ignorante! — O garoto de óculos reclamou.
— Isso é um Upgrade? — Hilbert murmurou pra si mesmo, ignorando o amigo. — Mas aí seria um disco, como os HMs, não um disquete... Só se for um
modelo antigo... E nem faz sentido algo pra um Pokémon de Sinnoh estar em
Unova...
— Dá pra colocar no computador, não? — Hilda
apontou com a cabeça para o notebook preto em cima da escrivaninha que ela e
Hilbert dividiam. Seu irmão sacudiu a cabeça negativamente.
— Dá nada, esse bagulho é mais grosso que ele. Mas talvez alguém no
laboratório tenha algum PC mais antigo que consiga rodar isso...
Hilda deu de ombros e foi dar atenção ao Snivy. Ele parecia um pouco
menos entediado com a presença dela. Só um pouco. Enquanto isso, Hilbert se
afastou mais uma vez, ligando seu Xtransceiver pra tirar uma foto do disquete.
Da próxima vez que ele ligasse pro seu pai, ele decidiu que iria perguntar
sobre. Se a professora não soubesse o que havia dentro do disquete ou não
conseguisse abri-lo, talvez ele ou algum colega de trabalho dele soubesse.
— Se não tiver nada demais dentro, a gente devolve. — Cheren prometeu ao Oshawott, que ainda estava um pouco emburrado apesar
dos carinhos na cabeça que recebia de Bianca. Isso pareceu animá-lo.
— Enfim, escolham logo, bora, a gente não tem o dia todo — disse o moreno, voltando a se encostar à parede no seu canto do quarto.
— É um dia extremamente importante, Hilbert, não dá pra ser na base do ‘bora’... — Cheren retrucou. — Mas... É, precisamos fazer nossas escolhas. Hilda?
— Hm? — A garota piscou, perdendo a disputa de encarada
sem piscar que estava fazendo com a serpente verde em frente dela.
— Escolha primeiro. Já que você é a dona da casa.
— Ah, sério?! — Seu coração acelerou. — Hãããã...
A verdade é que Hilda nunca teve uma preferência muito forte em relação
a um inicial de Unova ou outro. Para ela, os três eram opções sólidas,
literalmente qualquer um estaria de bom tamanho. Mas Cheren e Bianca não iam
aceitar um “tanto faz” como resposta... Seu primeiro instinto foi ir até a Tepig
sem rabo, já que ela sempre gostou de tipos lutadores, até que seu cérebro
pensou rápido em outra coisa:
Bianca já disse que não escolheria Snivy por não achar que teria fibra
para treinar um Pokémon de personalidade mais forte — sem contar que ele próprio
já parecia detestá-la nesses primeiros dez minutos em que se conheciam —, e em
outras ocasiões, Cheren afirmou que não escolheria um se tivesse opção, pois
achava a sua linha evolutiva “pouco versátil em batalha”. E, bom, ela não
memorizava golpes ou TMs ou nada assim, mas se Cheren dizia, então deveria ser
verdade. Mas, de novo, pouco importava. Todo Pokémon tem potencial de ser bom,
basta querer!
— Eu vou de Snivy! — Hilda proclamou, finalmente. — E aí, amigão?
Hilbert levantou uma sobrancelha, com os olhos arregalados. Isso não era o que ele esperava que a irmã ia escolher.
Hilda estendeu o braço para o Snivy, esperando que ele fosse escalá-la
até chegar a seu ombro, assim como ela via na televisão. Ao invés disso, ele
sacou duas vinhas da parte de trás das folhas amarelas do seu pescoço e lhe deu
um aperto de mão.
— É, acho que isso é o máximo de carinho que ‘cê vai me dar por enquanto,
né? — Suspirou a morena. — Mas que daora que ‘cê sabe dar um aperto de mão!
— Imaginei que iria escolher ele. Bianca, sua vez.
— Eu? Tem certeza?
— Damas primeiro.
— Que cavalheiro! — Bianca deu uma risadinha maldosa. — Ou você só tá indeciso?
— Só escolhe logo. — Cheren sorriu de volta.
— Acho que não é muito seguro eu ir com um tipo fogo, já que eu tenho esse meu jeitinho desastrado... Então é melhor que eu pegue o Oshawott!
Hilbert abriu um sorrisinho ao ver o amigo tentando esconder a
frustração, sabendo que esse era o Pokémon que ele queria desde o começo, Tepig
sendo uma mera segunda opção. Se Hilda tivesse o escolhido, talvez ele tentasse
ganhá-lo de volta na lábia. Mas Cheren era fisicamente incapaz de discutir com
Bianca, apesar das broncas frequentes que ele dava nela.
Oshawott alegremente colocou a cabeça contra a mão da loira, abanando a
cauda. Diferente do seu colega do tipo grama, ele aceitou de bom grado ser
carregado no colo como um bebê. O que não era muito aconselhável, já que ele
poderia ficar mal acostumado e querer que ela continuasse com esse hábito
quando evoluísse. Mas quem disse que Bianca ligava?
— Prazer em te conhecer, lindinho! — Oshawott
abanou a cauda com mais força.
Cheren olhou para Tepig, que o encarava com doçura.
— Bom, com isso sobra eu e você. Que nossa jornada seja boa.
Ele lhe fez um rápido carinho entre as orelhas, e ela fez um ronco
satisfeito, se aproximando para lealmente ficar ao lado dos pés dele. Apesar de
não ser sua primeira opção como inicial, não mudava o fato que ela era
adorável.
Os três iniciais estavam escolhidos. O primeiro membro de suas equipes,
seus principais parceiros! Os meninos ficaram em silêncio por alguns segundos,
aproveitando esse momento.
— Parabéns, galera. — Hilbert pareceu genuíno, apesar da sua pressa. — Então, a gente já vai, ou...?
— Peraí! Eu tenho uma ideia! — Hilda
interrompeu o irmão. — Vamo batalhar!
— Hã? — Os outros três indagaram ao mesmo tempo, com
níveis diferentes de indignação.
— Bora de free-for-all! Todo mundo
contra todo mundo, que nem a gente vê na TV! Aí vai ser mais rápido do que se a
gente fosse lutar entre si um por um!
— Dentro… Dentro do
quarto de vocês? —
Cheren ergueu uma sobrancelha.
— É! — A morena seguiu
sorrindo.
— Ah, eles ainda
não são tão fortes, não vai dar em nada! — Bianca encorajou.
— Não tem como impedir vocês, né? —
Hilbert suspirou. — Tá, quero ver o que vai sair disso. Eu
sirvo de juiz.
Mas, apesar de ter cedido ao pedido, ele ainda assim saiu correndo para colocar seu
notebook de forma segura em cima da cama, e ficou estrategicamente posicionado
na frente da TV como se fosse um goleiro.
— Vocês são
impossíveis... Mas que seja. — Tendo dito isso, Cheren não conseguiu esconder o
sorriso que tomava conta de seu rosto. — Vamos de free-for-all, então.
— Ok, bora lá. — Hilbert
suspirou, levantando o braço sem muito entusiasmo. — Um... Dois...
Os três Pokémon
se posicionaram no meio do quarto, se encarando com determinação... Bom, Tepig
e Oshawott estavam, pelo menos. Snivy só tinha seu olhar desdenhoso de sempre.
— Bom, Bertha, Azure, espero que estejam prontos para
perder. Irei tentar não destruir a auto-estima de vocês por completo.
Os outros dois Pokémon
se olharam com o canto do olho com a mesma expressão exasperada. Mal sabia ele...
— ...Três!
E também ao
mesmo tempo, os dois correram na direção de Snivy para tentar derrubá-lo... E
acabaram se chocando com tudo numa dolorosa cabeçada, pois ele desviou com
facilidade. Cheren e Bianca fizeram caretas de dor em solidariedade aos seus
Pokémon.
— Aeeeee, boa,
garoto!
— Vocês não têm experiência em batalha! — A serpente
ignorou o elogio de sua treinadora, zombando dos colegas que ainda estavam
tontos no chão. — E se unir para me derrubar não
parece muito justo, não é?
— Vou te mostrar o que é muito justo! — Oshawott
vociferou.
O Pokémon de
água avançou mais uma vez, mas agora acertara seu alvo — que estava muito
ocupado se gabando —,
com uma violenta cabeçada no estômago, fazendo-o deslizar para baixo da cama de
Hilbert.
— Uou! — Bianca arquejou
de susto.
Mas debaixo dela
rapidamente apareceram um par de olhos amarelos cheios de raiva… E o seu par de
vinhas, que agarraram o Oshawott pela cintura e o jogaram pro outro lado do
quarto, quase acertando a escrivaninha do computador.
— Aí ó, ainda bem
que eu tirei o note daí! —
Hilbert gritou.
— Isso! — Hilda deu um
pulinho de empolgação.
Ainda debaixo da
cama, Snivy aproveitou a posição vantajosa para tentar agarrar a Pokémon de
fogo, que olhava para onde Oshawott havia caído com preocupação. Mas seu
treinador estava muito bem atento.
— Tepig, olha pra
trás!
Por sorte, seus
reflexos eram rápidos, e ela conseguiu agarrar a planta com a boca e o puxar
para junto de si, o que era fácil, pois suas vinhas — ainda — não eram muito
longas. Snivy foi lentamente sendo arrastado para o meio do quarto novamente,
com os olhos arregalados. E ele ficou ainda mais surpreso quando Tepig girou a
cabeça com força e o arremessou em direção ao Oshawott que tinha acabado de
conseguir se levantar e sair debaixo da cadeira.
— Osha, cuida-!
Bianca não conseguiu
terminar a frase antes de seu Pokémon ser nocauteado após ser atropelado pelo
Snivy. E esse era o fim dos dois nesta batalha. Com um suspiro, Bianca retornou
seu Pokémon para sua Poké Ball. Agora só restavam dois.
— Muito bem. — Cheren disse ao
seu Pokémon, dando um aceno encorajador de cabeça.
— Mal consegui
fazer nada... —
Bianca fez um biquinho, olhando para o chão.
— Desculpa, Azure. Mas batalha é batalha! — Tepig disse pra
si mesma.
Ela não teve
muito tempo de se sentir culpada por ter nocauteado seu amigo, no entanto, pois
Snivy já estava de pé, embora estivesse ofegante. Ele havia escalado a cadeira
de rodinhas do computador numa tentativa de elevar sua moral.
— Boa jogada... Você... Sempre foi esperta. Diferente
daquele idio-
— Não fale assim dele, Emerald!
— Vai pra cima,
Snivy! —
Ordenou Hilda, socando o ar.
E foi exatamente
o que ele fez, se aproveitando da sua velocidade superior para dar um pulo
longo e veloz que, em teoria, devia acertar a adversária com tudo. Cheren sacudiu
a cabeça em desaprovação, sabendo o que iria acontecer. A Tepig estava pronta
pra rebater o ataque imprudente.
— Tackle. — O garoto de óculos disse, simplesmente.
E assim, mais
uma cabeçada fez Snivy voar longe, por sorte tendo a queda amortecida por um
dos tapetes no chão. Apesar disso, ele estava fora de combate e Tepig e Cheren
haviam sido os vencedores.
Bianca deu uma
mini-cotovelada em Hilbert, que estava muito ocupado lendo outra revista que
ele tinha encontrado. Que saudades daquele jogo de navegador do Pokémon Café!
— Quê? Ah, acabou
já? —
Ele ergueu os olhos rapidamente, limpando a garganta. — Cheren é o
vencedor!
— Você não tava
nem prestando atenção? —
O outro rapaz revirou os olhos, bufando... Mas ele estava sorrindo.
Enquanto Cheren
ia parabenizar Tepig, Hilda correu até seu Pokémon, nocauteado no chão. Mas
mesmo estando semi-inconsciente, ainda tinha uma expressão um pouco frustrada
no rosto. O rosto de Hilda, por outro lado, escureceu um pouco. Normalmente tão
tagarela, ela só conseguiu dizer algumas poucas palavras:
— Desculpa. Na
próxima vou fazer melhor, eu juro.
E devolveu o
Pokémon para sua Poké Ball, enquanto Cheren fazia a mesma coisa logo atrás
dela. Dona Helga ou a professora Juniper conseguiriam curá-los com certeza. Mas
ter seu parceiro nocauteado pela primeira vez não deixava de ser uma visão um
tanto quanto difícil de ver.
Hilda deu um
mini-pulo quando seu irmão chegou por trás, colocando a mão em seu ombro.
Quando ela se virou, encontrou uma leve preocupação em seus olhos, o que não
era comum para ele.
— Tudo certo?
— Arrã! — Ela imediatamente
forçou um sorriso.
Hilbert olhou
para trás para ter certeza que Bianca ainda estava parabenizando Cheren pela
vitória. Seu olhar de canto de olho carregava um pouco de raiva.
— Tem certeza?
— Tenho, pô!
Hilda aumentou o
sorriso de forma artificial ao se aproximar dos outros dois amigos, também para
elogiar o amigo. Como ela sempre fazia quando perdia para ele em alguma coisa.
Quando ele tirava notas melhores que ela nas provas teóricas, o que era muito
frequente. Quando ela cometia um errinho mínimo em batalhas de treino na escola
que a faziam perder para ele, o que era raro, mas acontecia. De novo. Hilbert
nunca teve paixão por batalhas, nem ligava para números num sistema educacional
falho, então ele não se importava. Bianca já estava acostumada a estar atrás de
todos em tudo, e se isso a machucava, não demonstrava. Mas para Hilda... Era
outra história. Hilbert suspirou. Não é certo guardar rancor do amigo. Se ele é
bom no que faz, ele tem mais é que vencer mesmo. Mas... Ser irmão significa ser
protetor, não é mesmo? E ser amiga significa ficar feliz pelas vitórias dos
amigos, mesmo que sejam às suas custas. Mesmo que fizesse ela se sentir uma
fracassada.
Era por esse
tipo de situação que ele realmente, realmente
não queria acompanhá-los nessa jornada.
Caramba!! Quando eu tava chegando ao final do capítulo e vi os botões de próximo e anterior eu pensei "Nossa, que capítulo curto! Queria mais!", mas esse finalzinho mexeu col meu coração....
ReplyDeleteEu fico triste pela Hilda se sentir assim, mas acho que principalmente por entender que mesmo amando os amigos, as vezes ela precisa de um tempo sozinha, não só para se sentir melhor, mas para seu desenvolvimento individual... Já sinto um aperto no peito antecipando a conversa dela falando sobre não seguir com eles...
E nossa, antes que eu me esqueça, também foi legal ver que apesar do Hilbert não se interessar por Pokémon ele não é um completo desinteressado! Ele está atento e prestou atenção quando a luta foi começar (mesmo que só para proteger sua propriedade), quando falaram da Tepig, e principalmente quando falaram do disquete!
Inclusive, quando foi dito que o Oshawott estava com um brinquedo, eu achei que fosse uma concha, NÃO O SHOCK DRIVE!! O que diacho aconteceu na vizinhança do laboratório?! Fico me perguntando se "ele" estava lá, ou só pessoas envolvidas no projeto. Que forma genial de avançar o plot central num capítulo em que o foco era o desenvolvimento dos personagens! Muito bom mesmo! Fico ansioso para o próximo!
Smell you later!
E temos a introdução de Azure, Bertha e Emerald!
ReplyDeleteAh, eu me vi antigamente, quando baixei pokémon white pela primeira vez para jogar e encarando esses monstrinhos que nunca vi na vida. As crianças subindo no quarto para conhecerem seus iniciais e iniciando uma batalha ali mesmo, e tudo ficando uma bagunça depois. Tu me levou de volta a esse momento.
Foi um episódio mais tranquilo diga-se de passagem, mesmo com a luta. Cada um pegou seu inicial e tiveram sua primeira vitória. E claro, suas primeiras derrotas.
Eu odiava perder pro rival na primeira luta. Sentia como se já começasse o jogo com desvantagem por causa da EXP inicial, não julgo Hilda.
A gente fica feliz sim pelos amigos, mas, para nós, seres humanos, se fossemos a gente ali, nos sentiriamos melhores.
Ela vai ter que aprender que, infelizmente, a exp só vem da experiencia. E nem sempre é dia de vitória.
Fico ansioso para o próximo capitulo :D
Gostei tanto desse capítulo, uma pena que ele tem um ponto negativo: ele termina.
ReplyDeleteEu amei as escolhas dos iniciais, saiu do previsível, por que se fosse comigo eu teria dado o Tepig para a Bianca. Aliás, amei as personalidades dos iniciais, tipo, incríveis. E também amei como você adotou esses diálogos dos Pokémon do Shadow lá de AEH e como isso acaba acrescentando muito à história e deixa ela mais introspectiva.
E o Shock Drive, meu deus! Quando eu vi eu fiquei: O QUE VOCÊ ESTÁ COZINHANDO JOLLY?
Agora terei de ler o Memory Link. Está feliz, Jolly? Eu vou ler seu especial.
Acho que a primeira coisa que eu tenho que pontuar nesse capítulo é que você conseguiu fazer um trabalho ótimo em um capítulo que foi inteiramente focado em uma batalha. Tudo bem que é a primeira batalha deles, isso é um evento emblemático, mas quando não são batalhas decisivas como um desafio de ginásio ou a Liga, ou o enfrentamento de uma equipe vilã, é bem difícil fazer um trabalho completo. E aqui você conseguiu usar a batalha como palco para abrir um pouco mais os seus personagens pra gente. Especialmente a Hilda, que embora já tivéssemos algumas pistas do que se passou até aqui, pela primeira vez vimos o lado competitivo dela se mostrar pra valer.
ReplyDeleteTambém tivemos espaço para ver um pouco da personalidade dos Pokémons iniciais aqui. Isso é importante, dá uma outra cara à história. E todos os três já parecem estar bem definidos em seus próprios traços. Acho que a combinação deles com os treinadores foi uma surpresa, se eu tivesse que apostar sabendo das personalidades dos seis eu acho que colocaria o Snivy com o Cheren, mas é justamente essa mudança que vai tornar interessante acompanhá-lo. Especialmente a forma como a Hilda vai lidar com ele, já que os dois têm um temperamento complicado, cada um a sua própria maneira.
Agora, se eu fosse eles eu arrumaria a bagunça do quarto porque eu tenho a impressão de que a Helga aqui não ia ficar tão indiferente quanto a mãe do nosso char nos jogos, que encontra o quarto igual um cenário de pós-guerra e fala: "Ai, essa juventude de hoje tem tanta energia! kkkkkkkkk"
Mais um ótimo capítulo, Jolly!
Até a próxima! õ/
— Ah, eles ainda não são tão fortes, não vai dar em nada! — Bianca encorajou.
ReplyDeleteVAMOS VER O QUARTO VIRAR UM LIXO MESMO. Hilbert, tira o computador, a televisão, a cama, tudo dai de dentro rápido antes que estrague kkkk