- Back to Home »
- Capítulo 1 - Vá, Veja e Vença
Posted by : Jolly E.
Aug 11, 2025
— Menino, você ouviu
aquela barulheira ontem de noite? A mãe da Bianca me disse que parece que foi
briga, no meio da floresta. Mas briga feia mesmo, com Pokémon e tudo!
Hilbert bufou pelo
nariz, se virando na cama para encarar a parede com painel de madeira.
— Bom dia pra senhora
também.
— Não, mas é sério!
Acharam até umas árvores caídas perto do portão que dá pra Rota 17. Umas
cortadas na metade, outras queimadas… Muito estranho.
Puxando um pouco na
memória, o garoto se lembrou vagamente de ter ouvido alguns sons distantes
enquanto travava sua luta diária com a insônia, como alguém batendo em alguma
coisa de metal e um estrondo de trovão… Mas talvez ele tenha sonhado a última
parte. Não seria a primeira vez que ele teria sonhado com tempestades. Pelo menos
ele não tinha mais tanto medo delas, não como ele tinha quando era mais novo.
Mas com certeza era a
primeira vez que ele sonhava que tirava punhados de cabelo da boca. Não era nem
sequer cabelo dele mesmo, eram mechas longas e brancas… E um tanto quanto
duras. Mal parecia cabelo. Pesadelo estranho. E bem nojento.
— Mas enfim, levanta,
já passaram os dez minutinhos que você pediu.
— Por que eu tenho
que ir? Ela não consegue ir sozinha não?
— É o dia mais
importante da vida da sua irmã, não custa nada você estar lá pra apoiar ela.
Bora, levanta.
Tomando cuidado para
não bater a cabeça no beliche de cima, Hilbert se sentou em sua cama. Ou
melhor, o seu corpo havia se sentado,
pelo menos, pois o espírito ainda estava mergulhado no sono dos justos. Pegando
o seu Xtransceiver azul que estava do lado do seu travesseiro, ele conferiu a
hora. 08h10 da manhã. Ela tinha lhe dado exatamente dez minutinhos a
mais. Sua mãe era sempre precisa.
— Foi dormir com
roupa de sair de novo, mocinho?
— Esqueci… — Hilbert
bocejou, lutando contra o sono para prender o dispositivo de comunicação no seu
pulso. — Foi mal.
Apesar do tom de voz
recriminador, a mulher se aproximou para afetuosamente bagunçar ainda mais o
cabelo de seu filho. Bem, na verdade, ele era seu enteado, mas quem se importa? Nenhum dos dois nunca ligou para essa nomenclatura. Hilbert tem
sido filho de dona — que não a chamassem de “dona” na frente dela — Helga há
muitos anos, e era isso que importava. Até porque os dois eram parecidos o
suficiente para que nenhum estranho fizesse perguntas. Mesmo olhar severo,
mesmo semblante pálido… No caso de Helga era de nascença e no de Hilbert era
por falta de vitamina D. Muita falta de vitamina D. Ele bem que queria
ter os mesmos braços fortes dela... Mas não sentia vontade nenhuma de passar
anos num barco de pesca como ela passou. Ainda passa, na verdade, só que com menos frequência.
— Vai tomar café, ou
vai comer alguma coisa na rua?
— Na rua mesmo.
— Imaginei. — Helga
foi em direção às escadas que conduziam à sala de estar. — Se arruma e desce,
tá?
Os passos dela foram
se afastando, mas ainda era possível ouvir a sua voz gritando alguma coisa
sobre a bagunça que Hilda havia feito no quarto.
— Se arrumar… Tá. —
Hilbert deu uma risadinha sarcástica.
Em dez minutinhos,
ele calçou um par de tênis, vestiu um casaco azul por cima da camisa cinza — camisa
essa que estava limpa, ainda cheirando a desodorante, importante
ressaltar — e pendurou sua mochila vertical no ombro, que estava bem vazia, só
com alguns repelentes e uma máscara. O fato de ele ter dormido com a roupa — e
com seu colar da sorte em formato de folha que havia sido um presente da sua
avó — poupou muito tempo, estava tudo pronto. Ou quase.
— Ah é, falta o
cabelo…
Seus olhos
vasculharam o quarto. Não tinha uma escova em lugar algum. Sabe-se lá onde
Hilda havia guardado. Ao menos ela havia deixado um dos seus vários bonés em
cima da cômoda — preto, branco e vermelho. Parecia uma Poké Ball vista de cima.
Ele não fazia ideia sobre qual time era representado por aquele símbolo, nem de
qual esporte seria. Mas não importava, servia perfeitamente para esconder o
ninho de Patrat no topo da sua cabeça... E até que era bonitinho.
Hilbert Park foi até
o canto do quarto se olhar no espelho cheio de adesivos. Ele parecia o mesmo
moleque magricela de sempre, com a mesma expressão cansada e entediada de
sempre. Mas não era uma simples troca de roupas que resolveria aquilo, mas uma
coisa de cada vez. Aquelas roupas ainda cabiam nele e combinavam bem e isso já
era mais que o suficiente. Não era como se ele não fosse voltar para casa logo
de qualquer forma, então...
Mas, antes de sair,
ele conseguiu ouvir a voz do seu pai no seu ouvido, e ela dizia: “Coloque suas luvas antes de sair de casa,
aquecer as extremidades do corpo ajuda com o pulmão!” Isso sequer era
verdade? Principalmente quando as luvas em questão só iam até a metade dos
dedos? Hilbert não fazia ideia. Andrew Park pode ser um especialista em
Pokémon, mas com certeza não em pessoas. Mas quem seria ele para contrariar?
Tendo dito isso, ele decidiu pegar as luvas que seu próprio pai costurou para
ele.
Assim que Hilbert
botou o pé no primeiro degrau das escadas, sentiu seu Xtransceiver vibrar com
uma mensagem.
Logo em seguida, veio
a foto de um bolo de chocolate. Já haviam sido tiradas duas fatias dele.
Aparentemente ela
havia enviado a foto do bolo para Hilda também, pois assim foi a primeira coisa
que ele ouviu logo que pisou na cozinha:
— Pô, os bolo da Bibi
são mó bom… Cadê esse garo-Ah, 'tas aí!
Como Hilbert havia
imaginado, sua meia-irmã já estava prontíssima para sair, do bonézinho dos
Audinites — “melhor time de basquete de Unova!”, de acordo com ela,
ignorando totalmente o desempenho questionável deles nos últimos três anos —,
até a ponta das botas com salto plataforma — como se medir um metro e setenta e
sete já não fosse ser alta o bastante. Helga a olhava com um sorrisinho de
canto enquanto ela ajustava as luvas de motoqueiro nas mãos. Ela tinha uma
pulseira no braço esquerdo que havia ganhado da mãe como um presente de boa
sorte na noite passada. Contas laranja, vermelha e amarela: As cores do Pokémon
deus da vitória. Presente típico pra um jovem de Unova que estava prestes a
sair em jornada.
— Cê não tá com frio
não? Usando só um shortinho e esse coletinho?
Hilda olhou
rapidamente para as próprias pernas e braços.
— Não. Por quê? Tá
com frio?
— ...É primavera.
— Exato, ué. Tá
agradável!
— Só não vem pedir
meu casaco depois.
— Nem preciso,
otário, tô com o meu aqui! — Ela apontou para própria cintura.
A cozinha da casa
Park-Müller estava agitada como de costume, talvez pela última vez em algum
tempo. Os irmãos estavam discutindo e dona Helga lavava os pratos do café da
manhã — que Hilda fez questão de engolir o mais rápido possível —, e essa era
uma rotina que as paredes da residência já tinham visto centenas de vezes desde
que fora comprada pela família há alguns anos. Como todas as outras na cidade,
era uma clássica casa Unovense com um quê
de estilo náutico, capaz de resistir qualquer onda... Mesmo que o mar estivesse
há cerca de dez minutos a pé. Por dentro, era bem parecida com quase qualquer
outra casa de Nuvema, com móveis e painéis de parede com a mesma madeira
marrom-acizentada, com as mesmas portas e escadas que rangem. O que a
transformava em um lar era a quantidade de plantas que Andrew havia colocado
pelos cômodos. Como elas sobreviviam a cúpula de maresia que parecia dominar a
cidade, era um mistério. Não era a casa mais chique de Nuvema — esse cargo
pertencia à família Petrich —, mas era mais do que suficiente para os quatro e
os poucos Pokémon que tinham em sua posse. Talvez algum dia eles se mudassem
para outra cidade, se melhorassem um pouco de vida, o suficiente para se mudar
para Accumula ou Striaton. Mas este dia ainda estava distante.
Hilbert parou de
provocar sua irmã mais velha e parou pra ouvir o som da TV que estava ligada na
sala. Estava passando um dos primeiros programas do dia da Rede Wawalk. A pauta
do momento era sobre Porygon e sua linha evolutiva, e se mais Pokémon
cibernéticos poderiam existir no futuro. O garoto se levantou da mesa de jantar
e foi até a sala pra assistir.
— Um Pokémon com a
habilidade de fazer downloads utilizando acesso à internet, assim como o
Porygon, poderia tirar vantagem das fraquezas do seu oponente...
— Vamo embora logo! —
Hilda trouxe a atenção dele de volta com um berro, correndo até a sala e
puxando seu braço. — O bolo que a Bibi fez pra gente vai esfriar!
— Shhhh, tô ouvindo.
O papai tava me contando sobre esses bichos um dia des-
— Hilbert, vai logo.
— A mãe dos meninos falou em voz alta da cozinha. — Depois você assiste isso na
internet. A professora tá esperando vocês.
Bufando e revirando
os olhos, Hilbert se dirigiu até a porta, colocando a sua cópia da chave — com
um chaveiro de Solosis — no bolso depois de abri-la. Apesar do desejo de ainda
estar no seu décimo terceiro sono estar evidente em sua expressão facial, ele ainda
teve o cavalheirismo de mantê-la aberta para Hilda, que saiu correndo sem nem
olhar para trás.
— Dá tchau pra mamãe,
imbecil!
— Ah, foi mal! — A
garota enfiou a cabeça para dentro de casa por um instante, e gritou alto o
suficiente para espantar uma revoada de Pidove que estavam na frente da casa: —
TCHAU, MÃE!
— Tchau, crianças! E
não chama sua irmã de imbecil!
Pela primeira vez no
dia, Hilbert abriu um sorriso.
— Tchau, mãe.
Por sorte, não havia
muita luz lá fora para cegar os olhos dos pobres condenados que haviam acabado
de acordar. Mas com certeza havia uma brisa fria para despertá-los, que é a
marca registrada de Nuvema junto ao seu “charme sudestino”. Toda a pouca neve
que havia caído na cidade no inverno já tinha derretido, mas as manhãs ainda
passavam aquela energia preguiçosa de começo de primavera. Só havia algumas
senhoras varrendo a areia de suas calçadas e trabalhadores — boa parte deles pescadores
— saindo de casa.
Há um ditado que diz que você não
mora em Nuvema, você se esconde em Nuvema. É uma comunidade isolada
em todos os sentidos da palavra, sendo um condomínio fechado. Os habitantes — boa parte composta por famílias — valorizavam sua
privacidade ao extremo, ao ponto de que nem era possível ao menos encontrar um
mapa dela na internet. As praias são cinzentas e perigosas demais para se
nadar, só servem para os pescadores locais, então não havia um pingo de
interesse por parte dos turistas. A cidade é considerada literalmente um
buraco, já que está cercada ou por morros e ladeiras, ou pelo mar.
Hilda, no entanto,
estava imune à energia preguiçosa de Nuvema, pois ela já estava vários passos à
frente. E aparentemente estava imune à brisa fria também, visto que mantinha um
sorriso tangente no rosto apesar do rabo de cavalo não se manter parado um só
instante pelo vento que soprava. Mas quem poderia culpá-la? Este seria o dia
mais importante da sua vida… Até agora! Mais do que insígnias, mais do que alcançar
a Liga — por mais que tudo isso seja bem atraente —, uma jornada é um rito de
passagem para a vida adulta. E, bom, batalhar é a única coisa que ela sabe fazer bem de qualquer forma...
…E também é um rolê
bem divertido, que é o principal! Mas primeiro, ela precisava de um parceiro. E
Hilda sabia exatamente qual iria escolher — Se Cheren ou Bianca não pegassem
ele primeiro, claro!
Bianca. O sorriso no
rosto de Hilda sumiu. Ela parou de caminhar na hora, quase fazendo com que seu
irmão se chocasse contra suas costas.
— Ô!
— Será que a Bibi vai
ficar bem?
— Hã? — Ele franziu a
testa.
— Com o pai dela.
— Ah...
O ar da manhã pareceu
esfriar ainda mais de repente. Ou talvez fosse o peso do silêncio que pairava
por ele. Não importa quantas vezes o pai da Bianca fosse mencionado, nunca
ficava mais fácil falar sobre ele. Ou lidar com ele. Ou conviver com ele na
mesma cidadezinha minúscula, onde rumores se espalham como fogo.
— Ela me disse que… —
Hilbert pigarreou, o som ecoando pela rua semi-deserta. — Ela disse que ele não
vai estar em casa essa semana por causa de alguma viagem de negócios. Então
essa vai ser a chance dela dar o fora.
— Mas a mãe dela vai
ficar bem? Com ela só saindo assim sem falar nada pra ele?
Ele hesitou pelo que
parecia uma eternidade antes de responder.
— Eu não sei. Mas… Se
ela tá saindo, eu assumo que esteja tudo bem… Dentro do possível, pelo menos.
— É, acho que sim… O
Cheren tá sabendo disso tudo?
— Até agora, não.
Acho que ela não quer que ele se envolva. Você sabe como ele é.
— Faz sentido…
Restavam alguns
minutos de caminhada até a casa da família Petrich. Os irmãos voltaram a andar
em silêncio, mas dessa vez Hilda desacelerou o passo para ficar ao lado de seu
irmão, só parando para pular em algum banco público ou girar teatricamente em
um poste como se estivesse dançando na chuva — e como se ela tivesse oito anos,
não dezoito —. Mas apesar de suas ações parecerem empolgadas, a expressão no
rosto da garota não condizia com elas. Hilda parou de novo após virar uma
esquina.
— É por isso que ‘cê
não vai pegar um Pokémon?
Hilbert suspirou pelo
nariz. Aquele assunto de novo…
— Por isso o quê?
— Pela Bibi. Porque
talvez essa seja a única oportunidade que ela tem de fugir de casa? E ‘cê não
quer tirar isso dela?
Mais uma suspirada.
Hilda podia ser impulsiva e desatenta para umas coisas, mas era observadora
demais para outras.
— Minha vida seria
muito mais fácil se você fosse burra, sabia?
— Ué, não é minha
culpa se você é um livro abertaço. Nem precisa ser um gênio pra chegar
nessa conclusão.
— Quê? Eu não sou
aberta-
— É sim. Responde a
pergunta.
— Sim, também é por
isso. Seria um egoísmo do cacete roubar a fuga dela do buraco do inferno que é
aquela família dela por algo que eu nem tenho tanto interesse.
— Também? Tem algum outro
motivo?
— O outro motivo é
que eu não quero um Pokémon. — Hilbert voltou a caminhar, dessa vez mais
rápido. A última coisa que ele precisava é que algum velho fofoqueiro visse
essa discussão e saísse contando tudo pros seus pais.
— Não quer mesmo?
— Não.
— Serinho mesmo?
— Sério, Hilda
Müller. E essa é a última vez que a gente tá tendo essa conversa.
— E tu é meu pai
agora?
— E eu tenho cara de homem
invisível pra ser seu pai?
Hilda tentou abafar
uma risada, falhando miseravelmente.
— Deixa a mamãe
escutar você fazendo piada com is-
Ela foi interrompida pelo som de notificação do seu Xtransceiver rosa. Cheren mandou uma mensagem no grupo — carinhosamente chamado de HBCH — dos quatro amigos:
— Mas ele mora
pertinho de lá, pô. Vamo, falta pouco!
[...]
— Por que tem um
carro da polícia na frente do laboratório?
Além do veículo
parado na porta, havia dois policiais e pelo menos metade da equipe do
laboratório estava do lado de fora. Alguns falando no celular, outros
conversando entre si ou com os policiais. A maioria parecia confusa, mas os
assistentes mais jovens pareciam estar de saco cheio.
— Ah, mamãe tava me
contando de uma briga que rolou na floresta, lá pela Rota 17. Será que é por
isso?
— E o que o
laboratório tem a ver com is-Eita!
O olhar de Hilda se
dirigiu até as árvores do lado esquerdo do prédio. Assim como dona Helga havia
dito mais cedo, haviam árvores caídas — uma delas quase caiu em cima do
moinho de vento Johtoniano da professora —, abrindo um caminho até a Rota
17.
— Gente, o que rolou
aqui? — Hilda colocou uma mão na cintura.
— A mãe de alguém
tava contando pra ela dessa batalha. Eu acho. Tava meio acordado, meio dormindo
na hora que ela tava falando... Mas tinha árvore queimada, fatiada e os cacete.
Não tinha como saber
sobre as árvores mais ao fundo da rota, mas as que estavam diante deles
pareciam estar mais jogadas de lado do que cortadas de fato. Algumas ainda
estavam parcialmente presas pelas raízes.
— Aquilo ali é sang-?
— Hibi! Hil!
Os irmãos se viraram
na direção da voz feminina que os chamava. Seus dois amigos de infância
caminhavam rápido até eles. Bianca carregando um tupperware num braço e acenando alegremente com a mão livre, e
Cheren carregando uma caixa de presente azul.
Cheren escolheu suas
roupas favoritas para este dia tão importante, com sua camisa que simulava
vagamente o uniforme de uma das escolas que ele aspirava ser aceito, a renomada
Blueberry Academy — Bianca havia contado pra ele sobre “o poder da atração”, e
ele vinha usado essa camisa sem parar desde então, mesmo insistindo que não
acreditava nesse tipo de coisa —, um casaco que era merch oficial de uma de suas bandas favoritas — Rival Destinies — e seus
óculos favoritos. Ter várias armações era um dos poucos luxos que lhe sobraram,
e ele iria seguir desfrutando disso enquanto pudesse.
Bianca sempre diz que
gosta de vestir as roupas que sua mãe escolhe para ela. O quão verídica era essa
afirmação, ninguém sabia ao certo. Poucas jovens iriam escolher uma saia até
abaixo do joelho e sapatilhas para partir numa jornada. Mas era fato que, por
algum motivo, ela gostava das suas meias cano-alto laranjas e de sua boa e
velha boina verde, mesmo sem a influência da sra. Rossi. Sem falar no colete
feito de crochê da mesma cor das meias com babados na cintura. Bom, há gosto
pra tudo, certo?
— Opa, é essa caixa
aí? — Hilda apontou com a cabeça para o que Cheren carregava.
— Sim. Uma assistente
bem rude me entregou e disse para abrirmos em outro lugar, pois estão todos
ocupados demais para “ficar fazendo festa” pra gente… Palavras dela, não
minhas.
— Foi bem
anticlimático. — Bianca franziu o rosto em solidariedade. — Ela foi mal educada
demais!
— Ah, deve ter sido a
Patrícia. — Hilbert revirou os olhos. — Ela odeia crianças. Me olha feio toda
vez que vou buscar algo no laboratório pro meu pai.
— E isso aí é o bolo,
Bibi?
— Prioridades, hein,
Hilda… — O rapaz de óculos zombou.
— Claro! A gente deixou
um pouquinho pra vocês!
— Só um pouquinho? —
Hilbert deu um cutucão brincalhão na amiga. — Tô com fome, não tomei café da
manhã ainda.
Os quatro começaram a
fazer o caminho de volta para casa dos Müller-Park, na formação de caminhada
que faziam desde o ensino fundamental: Hilda e Cheren atrás, Bianca e Hilbert
na frente. O céu estava mais claro, o tempo menos frio e as ruas menos desertas
do que quando os irmãos se dirigiram até o laboratório. Alguns rostos
familiares da vizinhança cumprimentaram o quarteto, afinal, todas as famílias em Nuvema se conheciam. Todos conhecem os filhos da dona Helga, o filho da sra. Dragomira e a filha do dr. Rossi. As meninas desejavam bom
dia de volta alegremente, já os meninos só sorriam de forma tímida e acenavam
com a cabeça.
— Aliás, o que era
que a professora queria me falar? — Hilbert virou o pescoço para encarar o
amigo que andava atrás dele.
— Ela tem um trabalho
pra você.
— ...E? Do que se
trata?
— Ela não me disse.
Acho que você vai ter que encontrar com ela pessoalmente em Accumula pra
descobrir.
— Ah, é sério?! Agora
eu vou ter que ir lá?! — O garoto cruzou os braços. — E se você só sabia disso, fez suspense
pra quê?!
— Porque sim. —
Cheren sorriu maldosamente.
Enquanto isso, Bianca
também se virou, sussurrando pra Hilda o mais baixo que ela conseguia:
— Ei, o Hibi não vai
mesmo pegar um Pokémon?
— Nope.
— Ah… — Ela olhou
para o chão, brilho sumindo do rosto. — É por minha causa?
— Claro que não, pô.
Ele é que tá se fazendo de difícil mesmo. Mas não se preocupa, logo, logo a
gente convence ele.
Hilda levou uma
cotovelada nas costelas vinda da direita que a teria empurrado para o lado se
ela não fosse tão mais forte que o irmão, que em troca levou um empurrão que
quase o fez dar de cabeça num poste se não fosse Cheren puxando-o pela gola da
camisa.
— Eu tô ouvindo, viu,
palhaça?
— E quem disse que eu
tô falando contigo, garoto? Para de ouvir a conversa dos outros!
Bianca não pode
deixar de gargalhar da situação… Até que foi a vez dela de quase se chocar com
tudo num outro poste por estar andando de lado, e também foi salva por Cheren
ao ser puxada pela mão. Algumas pessoas na rua viraram para olhar quando ela
deu um gritinho de susto, mas voltaram aos seus afazeres quando perceberam que
era só a Bianca quase se acidentando… De novo.
— Bianca, por favor,
olha pra frente. E eu já falei pra vocês dois não brigarem enquanto
estamos andando! — Cheren bufou em protesto. — Qualquer dia desses alguém vai
acabar se machucando, e esse vai ser o último dia que eu vou andar com
vocês!
— Tá bom, mãe, já entendi, qualquer dia desses ‘cê
vai sumir. — Hilda revirou os olhos.
Depois de uma
caminhada cheia de briguinhas infantis e risadas, o quarteto chegou na casa dos
irmãos, onde dona Helga estava ao telefone, sentada no sofá.
— Voltamo-
— Shhh! — Hilbert
silenciou a irmã.
— Tá combinado então,
espero que dê certo… Ah, eles chegaram. Depois a gente se fala, Andy. Te amo. Tchau.
A mãe dos meninos
desligou o Xtransceiver, se levantou e sorriu ao olhar para o quarteto.
— Bom dia, sra. Park.
— Oi, oi, tia!
— Como vão, crianças?
— Era o papai? No
telefone? — Hilbert perguntou. — Ele conseguiu aquelas férias?
— Tá tentando. Até
agora, só o próximo fim de semana mesmo. — Helga suspirou. — Ele queria que
vocês fossem visitar ele, na verdade, já que uma hora vocês vão passar em
Nimbasa de qualquer jeito.
— Vocês? No plural?
— Cherinho, Bibi,
querem um cafézinho? — Ela perguntou, ignorando a pergunta do filho.
Hilda tomou a caixa
das mãos de Cheren — que estava com as orelhas vermelhas, como sempre ficava
quando a sra. Park o chamava de Cherinho —, erguendo-a no ar como se fosse um
troféu.
— Não, a gente vai
abrir o presente!
— Ah, sim. Abram lá
em cima no quarto de vocês, não quero bagunça na sala.
Helga mal tinha
acabado a frase, e Hilda e Cheren já estavam subindo as escadas correndo.
— Ei, Bianca, deixa o
bolo aqui na cozinha pra eu comer, por favor… Tô com fome… — Hilbert
choramingou.
— Ué, você não vai
subir com a gente? — A loira perguntou, inclinando levemente a cabeça pro lado
como se fosse um Lillipup. —
— Pra quê? Eu não vou
pegar um inicial…
— Vai só pra olhar,
filho…
— Aaaargh, táááá…
E a passos pesados,
Hilbert subiu as escadas. Bianca deu um joinha rápido para dona Helga, e correu
logo atrás dele. No quarto, Hilda já havia jogado tudo que estava em cima da
cômoda na cama do irmão para abrir espaço para a caixa dada pela professora
Juniper.
— Então… — Ela abriu
um sorriso que mal cabia no rosto. — Todos prontos?
Olá!!!
ReplyDeleteAqui de volta mais uma vez para ver o inicio da jornada da Hilda. Só da Hilda. Apenas dela. E do Cheren e da Bianca. De mais ninguém, né?
Ow, mas me deu um pouco de pena do Hilbert. Eu sei que é bom escutar os adultos, ainda mais nos pais tão confiaveis que ele tem, mas eu já fui esse adolescente que não queria uma coisa que ia ser legal pra mim, e achar muito chato quando os adultos ficavam falando.
Eu ADOREI como você construiu a relação deles e a personalidade de cada um, são coisas simples, como apelidos, jeito diferente de chamar a mãe, ou a mãe de um amigo, e até mesmo as conversinhas no chat em grupo! Isso me dá vontade de saber muito mais sobre eles, tanto o futuro mas também o passado! Como eles foram criados, como se conheceram, o que despertou neles a vontade de fazer o que fazem. Não só do Hibi e da Hil, mas da Bibi e do Ren também!
Ah, e eu tô curioso sobre essa luta que rolou no laboratório. Será que tem a ver com os plasmas ou nem?
Espero ansiosamente pela próxima semana para continuar acompanhando eles!
Smell you later!
Exato, pô, só deles três. De mais ninguém. Arrã. Não tem outro protagonista nessa história. Com certeza não. Ninguém mais vai acabar indo junto. HAUHAHUHAUHUA
DeleteZueiras a parte, você tem um bom ponto! O foda de ser adolescente é isso, quanto mais os adultos falam coisa x ou y, menos vc tem vontade de seguir... Na real nem só adolescente né, Arceus sabe que eu sou assim até hj hauhuauhauhua
Aaaaa, fico mto feliz de ouvir isso! Eu realmente quis dar a impressão que quem tá lendo tá vendo eles quatro juntos pela primeira vez, mas eles são amigos beeeem antes da história começar! E garanto que me deu vontade de escrever sobre o passado deles tbm hauhuauhaua E, olha... Digamos que já saciei um pouco dessa vontade >:] AGUARDEMOS OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS DESSA WAVE!
Será que foi dos Plasmas??? Não sei... VEREMOS. Que venha logo domingo!
Mto obg pelo carinho, Kill, te adoro <3
Pulamos do dia da aprovação da Hilda para o memorável dia onde ela vai conhecer seu primeiro parceiro! E olha só, como a dinâmica entre ela e o Hilbert já mudou bastante. Ele consegue ser companheiro e compreensivo quando ela precisa, mas em condições normais ambos se provocam naquele estilo bem descontraído. É bom ver que tem espaço para os dois lados, torna a relação entre os dois mais viva e dinâmica.
ReplyDeleteAinda não deu pra ver muito do Cheren e da Bianca, mas alguns traços de personalidade deles já apareceram bem. O Cheren é a última pessoa na vida que eu imaginaria entrando nessas doideiras de Lei da Atração kkkkkkkkkkkkk Isso já tá me dando uma breve ideia de qual direção você quer tomar pro personagem. Se for, vai ser um Cheren bem diferente do que eu tô habituado a ver. Já estou curioso. Com relação à Bianca, teremos aquele plot já tradicional dela em pé de guerra com o pai, mas aqui ao invés dela bater o pé na frente dele e se impor, vai sair às escondidas. Será que ela vai ter uma jornada tranquila tendo feito isso?
E catapimbas! O que aconteceu ali no laboratório? Ao que tudo indica, batalha com Pokémons de nível mais alto, visto o tamanho do estrago.
E assim concluímos a dose dupla da estreia de AEU! Foram dois ótimos capítulos. Já estou no aguardo do próximo.
Até a próxima! õ/
Opa, minha intenção era essa mesmo >:] Uma coisa que me incomoda em irmãos da ficção é que tem vezes que parece que ou eles brigam o tempo todo, ou eles são carinhosos dms um com o outro o tempo todo, e como o Hilbert e a Hilda são mto inspirados em mim e na minha irmã, eu queria msmo ter esse equilíbrio! Por isso que os diálogos deles são meus favoritos pra escrever kkkkkkk
DeleteCheren e a Bianca são um caso interessante, pq são personagens com a personalidade já bem fechadinha, então tive que procurar meus próprios jeitos de tornar eles meus, e fico feliz que vc ficou curioso >:] Vamos ver como esses dois vão se desenvolver... E essa treta do laboratório tbm, né? O que será que rolou? >:] Vamos descobrir!
Mto obg pelo carinho <3 Até a próxima~
Eu li sem querer CHEIRINHO e agora nao consigo parar de imagina ro Cheren como daqueles adolescentes que se lavam em perfume KKK Dona Helga é uma fofa vontade de abraçar AAAAAAA
ReplyDeleteAGR TBM NÃO VOU TIRAR ISSO DA CABEÇA HAUHAUAUHUAHUA Dona Helga é maravilhosa, algum dia ainda vou jogar os outros protagonistas pela janela e tornar ela a dona da porra toda desse blog >:]
DeleteEae Jolly! Tudo bem contigo?
ReplyDeleteE aqui estamos, no capitulo um.
Eu já elogiei antes a relação de Hilda e Hilbert, mas aqui deu pra sentir muito mais detalhe. Você trabalha muito bem com os dois, a relação deles é tão natural e dinâmica, se importam um com o outro quando precisa e em outros momentos eles provocam um ao outro, com apelidos, piadas internas, é assim que é a relação de irmãos unidos, os detalhes do capitulo, os diálogos (eu amo demais diálogos pqp).
Cheren e Bianca - vulgo Bibi - também apareceram, e mesmo sendo a primeira aparição deles teve peso e estou curioso para ver mais da dinâmica entre eles.
Apesar de que SOMENTE Hilda, Cheren e Bianca irão sair em jornada né. Mais ninguém.
Com certeza.
Imagina a paz de Hilbert, apenas ele com a mãe em casa, né?
IMAGINE SÓ.
Eu adorei as mensagens, sério, ficaram muito boas, e vou te confessar que eu simplesmente odeio o xtransceiverscleberson, pq eu não sei falar o nome disso direito, nem escrever. Então odiava nos jogos xD
Fiquei curioso com o que aconteceu ai na cidade, e se fez todo esse estrago, Hilbert realmente tem um sono de tauros realmente. Mas não o julgo.
Ansioso para o desenrolar da história. E novamente, parabéns :D
Fala, Dom~
DeleteAaaa, mto, mto obg <33 ADORO DIÁLOGOS TBM! Minha parte favorita de escrever qualquer coisa são os diálogos e mostrar essas pequenas coisinhas sobre os personagens! Dinâmicas de família são melhores ainda, é bom dms escrever personagens assim!
E sim, com certeza, mais ninguém. Hilbert vai ficar em casa, jogando Pokémon Unite, e os três vão lá pra jornada. Arrã. Pode confiar. Tô te dando esse spoiler aqui. É certeza já. Arrã.
E olha, confesso que eu só aprendi como se escreve Xtransceiver por causa de AeU mesmo, nos rascunhos dos primeiros capítulos eu ainda ia tinha que abrir a Bulba pra olhar certinho KKKKKKKKKKKKKK E fico feliz que vc gostou das msgs, foi uma ideia que eu curti mto. Arceus abençoe o Tupperbox no Discord que me permitiu executar!
Mto obg pelo comentário <333 Na próxima, tamos aí!